Pular para o conteúdo principal

História da Metalurgia Japonesa

por LEANDRO GARCIA, o “LELO”.

Introdução
Bem, hoje vamos falar um pouco sobre metalurgia japonesa. Mais precisamente a antiga metalurgia japonesa. Claro que este é um tema bem amplo, portanto vamos nos focar na construção artesanal da lâmina que é símbolo do Japão: a antiga espada japonesa, ou katana.

Katana é a palavra que significa “espada” na língua japonesa. Também é usada para designar especificamente um tipo de espada, usada a partir dos anos 1400: uma espada curva, longa, de fio único, empunhada tradicionalmente pelos samurais. Pronuncia-se [kah-tah-nah] na leitura do kanji (caracteres japoneses), e foi extra-oficialmente adotado o mesmo nome pela maioria das línguas ocidentais, como o inglês e o português. A katana estava sempre acompanhada do wakizashi, que é uma espada similar, mas menor (mais curta) que a katana original. Ambas foram usadas pela classe guerreira da época: os samurais.

Também existia o tantô, que era uma versão menor ainda (cuja forma muitos aqui já conhecem). Este conjunto de armas, formado pela katana e pela wakizashi era chamado de daishô, que significa literalmente “grandepequeno”, e que era o símbolo de status e honra pessoal do samurai. A lâmina longa (katana) era usada para combate em campo aberto, enquanto a wakizashi era uma arma de “backup”, usada em combate próximo ou em ambientes fechados e pequenos, ou ainda usada no seppuku, uma forma de ritual de suicídio.

Diferentemente de algumas espadas ocidentais, que eram usadas como arma perfurante ou de concussão, a katana era usada principalmente para cortar. Sua curvatura e ausência de fio duplo ainda permitiam golpes concussivos (para empurrar apenas), com o dorso da lâmina, sem provocar cortes. Sua empunhadura é longa, permitindo o uso de ambas as mãos, mas nota-se inúmeras gravuras históricas japonesas onde existem samurais que as empunhavam com apenas uma mão. Este aspecto variava conforme a técnica usada pelo samurai, não sendo uma regra absoluta. Ela também era tradicionalmente empunhada com o corte para cima.

 

A espada na sociedade japonesa
A história do Japão é intimamente ligada ao desenvolvimento das katanas. Existia todo um significado por trás da maneira com que a espada era carregada, guardada, limpa e afiada pelo samurai. Um exemplo: um samurai que adentrasse a casa de alguém mostrava o seu estado de espírito conforme a maneira com que ele carregava a katana; se no momento de ajoelhar e saudar o anfitrião, ele mantivesse a bainha ao lado do corpo, de uma forma que a espada pudesse ser rapidamente desembainhada, denotava uma suspeita de agressão ou hostilidade no ambiente. Se o samurai colocasse a espada ao seu lado no chão, ou ajoelhasse com ela sob o corpo, denotava uma honra e importante aspecto de etiqueta do samurai para com o seu anfitrião. Em sua própria casa, o samurai guardava o daishô (katana e wakizashi) em uma espécie de pequeno suporte de madeira chamado katana-kake, que é aquela peça que vemos hoje em dia em lojas por aí. A katana era sempre guardada na parte de cima, e o wakizashi embaixo.

Entretanto, deve-se ressaltar que até o período Edo (divisão de período histórico na história do Japão), os samurais não usavam a katana como sua única arma. Eles usavam primeiramente o arco e flecha, depois a lança, e daí sim a espada, como última alternativa em uma batalha. Por isso, os samurais possuíam proficiência e habilidade em todas as armas da época.

A katana era considerada a alma do samurai. Na história do Japão feudal, nota-se que apenas os samurais possuíam autorização para carregar uma katana, e se houvesse um camponês carregando uma, era motivo suficiente para o camponês ser morto e a espada confiscada. Por causa disso, alguns ronin (samurais sem senhores/líderes) eram forçados a venderem as suas katanas, e assim, eram considerados “sem alma” pelos samurais. Este conceito de que a espada era a alma do samurai tem suas raízes no início do shogunato Tokugawa. Na época, sempre houve uma reverência pelas espadas, mas esta atribuição de valor, intitulando-a de “alma”, residiu na necessidade do shogun (o senhor feudal do Japão antigo) presentear seus nobres e mantenedores com algo de grande valor.
Daí criou-se o costume de presentear nobres e seus familiares com preciosas e valiosas katanas em datas como casamentos e aniversários. Como conseqüência, a habilidade de reconhecer e avaliar as espadas através do seu cuteleiro, da data em que foi forjada e do material empregado foi altamente valorizada nesta época. As espadas mais antigas, forjadas por cuteleiros e mestres de renome, eram reservadas como presentes especiais, particularmente para o Shogun e para a sua família. Agora, imaginem a qualidade das espadas que os shoguns recebiam de seus vassalos!

Postagens mais visitadas deste blog

Os 20 Ensinamentos do Mestre Funakoshi O Mestre Gichin Funakoshi escreveu o Niju Kun, conhecidos como os Vinte Ensinamentos do Karatê Shotokan, que formam as bases da arte. Dentro destes princípios, baseados fortemente em Bushido e Zen.

空手道は礼に始まり礼に終る事を忘るな Karate-do wa rei ni hajimari rei ni owaru koto a wasaruna Não se esqueça que o Karate deve iniciar com saudação e terminar com saudação. 空手に先手なし Karate ni sente nashi No Karate não existe atitude ofensiva. 空手は義の補け Karate wa, gi no taske O Karate é um assistente da justiça. 先づ自己を知れ而して他を知れ Mazu onore o shire, shikashite ta o Shire Conheça a si próprio antes de julgar os outros. 技術より心術 Gijitsu yori shinjitsu O espírito é mais importante do que a técnica. 心は放たん事を要す Kokoro wa hanatan koto o yosu Evitar o descontrole do equilíbrio mental. 禍は懈怠に生ず Wazawai wa ketai ni seizu Os infortúnios são causados pela negligência. 道場のみの空手と思ふな Dojo nomino karate to omou na O Karate não se limita apenas à academia. 空手の修業は一生である Karate-do no shugyo wa isssho de aru O aprendizado do Karate deve ser perseguido durante toda a vida. 凡ゆるものを空手化せよ其処に妙味あり Ara yuru mono o karateka seyo; sokoni myomi Ari O Karate dará frutos quando associado à vida cotidiana. 空手は湯の如し絶えず熱度を与えざれば元の水に還る Karate...

KYOKUSHIN KARATE - O TESTE DAS 100 LUTAS

Sem dúvidas, um dos testes mais duros que existe dentro do Kyokushin Karate, é o Desafio das cem Lutas, ou como é chamado no Japão: Hyakunin Kumite. Realizado pela primeira vez pelo criador do Estilo, que realizou 300 lutas, 100 delas em cada dia, Mas Oyama começou a instituir o Hyakunin Kumite (Desafio de 100 lutas) como requisito para quem pretendia realizar o exame de 4º ou 5º Dan, logo descobriu que nem todos os praticantes tinham o espírito para fazê-lo, embora habilidade física pudesse ser ensinada, a vontade indomável, coragem e determinação (o espirito de OSU, no seu extremo), simplesmente não era pra qualquer um. Assim tornou-se um teste voluntário para poucos que se aventuraram nessa experiência única. Alguns dos requisitos para os que pretendem efetuar o desafio das 100 lutas são: garantir que todos os lutadores foram conduzidos sob as regras da IKO. que as rodadas sejam de 1 e ½ minutos a 2 minutos cada. que a luta foi honrada. que não houve interrupções indevidas ou excess...

DOJOKUN DO KYOKUSHIN KARATE

Kyokushin Karate é uma arte marcial influenciada pelo BUDO (caminho do guerreiro). Sem compreender verdadeiramente a filosofia, um praticante nunca atinge todo o seu potencial. O Dojo Kun (Juramento) é a base para o cumprimento do verdadeiro Espírito Kyokushin. O Dojo Kun foi escrito pelo fundador de Kyokushin, Sosai Mas Oyama, com a ajuda de Eiji Yoshikawa, autor de “Musashi”, que detalha a vida e as façanhas do maior guerreiro do Japão, Miyamoto Musashi. O Dojo kun compreende uma lista de regras a serem seguidas no dojo, mas, além disso, ao longo de toda a vida. Estudar o dojo kun é considerado uma excelente maneira de tentar entender a filosofia do karate kyokushin. No Karate Kyokushin, o Dojo Kun é recitado no final de uma sessão de treinamento. O aluno mais graduado recita o dojo kun em voz alta com cada aluno repetindo as palavras depois dele, todos posicionados em seiza. O escopo é reforçar na mente dos praticantes a ideia de que a arte marcial é antes de tudo um ins...